Os Skatistas






                                                                 






                                                               Os Skatistas

Silêncio, por favor, enquanto assisto o movimento dos 
rapazes com seus skates. Quem vê suas roupas largas, 
com calças maiores que as pernas, não se engane , não é despojo 
- é para que caiba a grandeza que há em cada um deles... 

Chegam em grupo, mas bem poderiam vir sozinhos, por que cada 
um vive seu momento ao mesmo tempo e independente dos outros. 
São incansáveis em repetir mil vezes a mesma manobra, às vezes 
cometendo mil vezes o mesmo erro, mas eles persistem, não se 
entregam ao erro - perseguem por instinto ou obstinação a perfeição.

O Skatista sabe que é preciso treino, aperfeiçoamento constante 
para conseguir a manobra perfeita, e querem conseguir exclusivamente 
o seu melhor, por que não há competição entre eles. Naquele instante, 
são apenas o Skatista, o chão, o ar, e o skate. 

Em cada obstáculo tem-se um novo desafio, um limite a ser superado, 
um vencer o medo a cada instante. A cada segundo a sabedoria 
para hora ousar, hora manter o equilíbrio. O Skatista não tem medo de 
machucar-se, não tem medo da queda - O Skatista entrega-se. 
Corre, salta, cai. 

Nenhum de seus companheiros manifesta-se ou estende a mão. 
O silêncio é sinal de respeito e eles sabem que o outro é capaz de 
levantar-se sozinho. Cair faz parte da vida, e não importa quantas
vezes caiam ou se machuquem, eles levantarão e tentarão outra vez. 
Não, ninguém jamais os ensinou coisa alguma. 

O Skatista apenas sente que dentro dele existe uma força enorme 
para realizar feitos incríveis, e em suas manobras e peripécias vão 
nos dizendo do jeito deles que por mais que erremos ou 
machuquemo-nos no caminho, devemos tentar sempre, por que, 
como eles, todos nós somos grandes, mas muitas vezes deixamos
de acreditar nisto...


Autor da Crônica:
Augusto Branco



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