Autran Dourado-Mensagens e Frases


Autran Dourado

Biografia
Filho de um juiz, passou sua infância em Monte Santo de Minas e São Sebastião do Paraíso, no estado natal, Minas Gerais. Aos 17 anos foi para Belo Horizonte, onde cursou direito, enquanto trabalhava como taquígrafo e jornalista. Formou-se em 1949.
                                                           Mensagens e Frases

Ninguém sabe o que se passa dentro de ninguém, somos muralhas uns para os outros.

As coisas mais importantes, para os criadores, sobre romance, foram ditas por romancistas.

Eu sempre procurei pensar a minha obra. Analisá-la e mostrar como eu a concebo e faço.

O escritor que sou tem seu limite precisamente nesse confinamento mineiro em
 que sempre vivi atrelado.

O lugar onde a gente vai é sempre tão diferente, tão mais seco do que o lugar
 que a gente sonha.

A gente deve falar sem medida, a gente deve falar sem medo, conforme 
dita a regra do coração.

A vida era o comum da vida da gente, sem nenhum outro mistério e sobressalto senão o mistério mesmo de existir.

A gente deixa sempre presença no mundo, nos outros. E o que fica, o resto evapora.

Meu Deus, meu Deus, por que tenho esses pensamentos? É deixar a rédea solta
 e lá vou eu por este mundo sem fim.

O pensamento boiava longe, num azul longe, numa paisagem sonhada, 
era como se sonhasse.

Luz e dor, o primeiro conhecimento do mundo.

Melhor não pensar. Quanto mais reza, mais tentação aparece. A vida é pra frente,
 o que ficou pra trás é escuridão, poeira só, lembrança.

O sol não tem memórias, o sol invade a terra, atravessa os homens, 
escurece-os de sombras, seca-os.

Os homens necessitam de espelho para se verem. Ou de uma ação qualquer,
 de uma luta qualquer.

Há muitas coisas escondidas dentro do homem, que o pensamento
 jamais descobrirá.

Não vivo de escrever. Vivo quase que para escrever.

Se há para mim alguma aventura, é a aventura da escrita. A escrita é o 
sustentáculo da minha solidão.

Uma história não deve ser apressada, tem-se de compor devagarinho, 
é que nem bordado, deve obedecer a um risco.

Escrevo para entender a loucura humana em geral e a loucura
 particular que é Minas Gerais.

Nosso idioma é um manancial inesgotável.

Às vezes vou escrevendo tão calmo e tão vagaroso, tão simples e silenciosamente,
 que penso atingir a morte, a nulificação, o Nirvana oriental.

Sou dividido, ora sou platônico, ora aristotélico.

Ser antigo é para mim um estado de espírito, um pensamento desejoso.
 Cada um deseja o que pode.

Não adianta se esconder sob mil disfarces, a realidade sempre aparece.

Um autor só é autor no momento exato em que escreve. Depois, passa a ser um
 leitor a mais de sua própria obra.

Se, após a escrita, um autor diz alguma coisa sobre o que escreveu, nada
 mais está fazendo do que um novo escrever.

Entre a obra e o autor se faz um mundo.

A única coisa que um autor tem de verdadeiramente próprio é o corpo; 
o seu texto talvez não passe de paródias entrelaçadas, acumuladas...

Em cada autor há uma série de pequenos autores. O produto final é 
uma incógnita - o próprio autor, a suma.

A obra é um mito, fio de meada em direção ao incógnito final. O autor nunca vê,
 senão como um sonho (mito de um mito), o panorama do que fez.

Nada é igual nas aparências, mas tudo se identifica.

O que não é um mal em si, pode até se transformar numa virtude.

De antemão não sei escrever qualquer coisa, vou no vai-da-pena.

A minha máscara se colou tanto à minha pele que virou o meu outro eu 
visto de dentro. Vale a ambiguidade.

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